16 de jul. de 2010

Dilemas da Cartografia: a leitura dos mapas

Uma reportagem realizada pelo Jornal da Gazeta mostrou que a maioria da população brasileira não sabe onde fica o Brasil no mapa mundi. O video abaixo, que conta com a colaboração de Marcelo MARTINELLI (um ícone sobre assuntos cartográficos), expõe uma realidade sensível a qualquer cidadão.



Elaborada pelo Instituto IPSOS (veja mais em: http://www.ipsos.com.br), a pesquisa revelou que o conhecimento cartográfico é restrito para a maioria dos brasileiros, tanto para aqueles que estão em fase escolar (o que não é novidade, mas ferramenta de trabalho para que atua na área) como o resto da população que não está mais inserida neste universo, independente de faixa economica, constatando que metade da população desconhece seu proprio territorio quando este é representado num mapa. E é daí que deriva um problema maior, o fato de a metade da população não saber a localização de seu territorio no espaço mundial vai afetar todas as outras escalas (nacional, regional e local) e anular a função da educação cartográfica.
Mais que simplesmente saber ONDE fica tal lugar (como propunha aquela Geografia Tradicional: um inventario da Terra), não existe uma educação/noção sobre os valores dinâmicos exclusivos de cada região e os conflitos espaciais existentes dos quais cita LACOSTE.
No geral, os mapas são uma representação do territorio que podem ser contruidos em escalas e formas diferentes, segundo a necessidade do autor de representar os fenômenos e dinâmicas existentes, vão do comum (MERCATOR, MOLLWEIDE, PETERS) aos renovados (BERTIN, THÉRY, LÉVY). Independente disso, a função social de um mapa é a de revelar ao seu leitor toda a complexidade das relações existentes nas esferas politicas, economicas culturais e sociais entre os diferentes lugares. Conforme afirma MARTINELLI, "o básico é o conhecimento de sua localização".

- Mas POR QUE saber ONDE estão os lugares do mundo? -

A razão principal para esse tipo de conhecimento está no fato de que todos estão engajados e fazem parte dos acontecimentos espaciais, ora personagens (que sofrem ações externas), ora como atores (presentes no sistema hegemonico), ou seja, permite uma análise de como o espaço geografico influencia na dinamica social das diferentes sociedades e como elas são afetadas e maior ou menor escala (como eventos financeiros, economicos, climaticos, etc).
É importante que as pessoas saibam identificar seu territorio quando estes são representados em mapas, mas isto é uma informação primaria. Como propunha Milton SANTOS, é necessario transformar o conhecimento do espaço num saber social das relações totais (humanas mais que físicas).

14 de jul. de 2010

O impacto territorial e social dos condomínios do tipo vertical (breve resumo)

Há mais de 25 anos esta vem sendo a principal produção espacial das grandes metrópoles no mundo, um evento internacional, mundial.
A dinâmica da expansão dos condomínios provoca uma série de ações (sobre) no espaço, territorial e socialmente. Há uma reestruturação na lógica da mobilidade, da racionalidade, da economia, da politica, entre outras... que transforma a produção do espaço.
Territorialmente, esses objetos produzidos especialmente para abrigar os contingentes urbanos, foram a principal causa da nova configuração da organização da cidade, atingiu o orgânico e organizacional, gerando algumas rugosidades dentro do próprio organismo - que é a cidade.
Socialmente, essa mesma produção transforma toda uma serie de relações com o espaço, a partir de ações que derivam da propria produção espacial. A interação com o espaço afeta a sua real essência. O meio não é mais social, uma vez que as ações criam rupturas com o espaço pela segregação e pela racionalidade das relações entre aqueles que compõem a sociedade, e isso nas varias escalas do espaço.
Há uma intencionalidade que pode ser mais ou menos justa de acordo com as produções, tanto os condomínios de luxo da Região Metropolitana de São Paulo, como aqueles produzidos para suprir a demanda, são exemplos de como dessa produção derivam técnicas e ações voltadas à atender a propria produção do espaço.
A divisão do trabalho cria uma lógica de produção de mercado, onde há uma cadeia produtiva que se constitui por vários atores, dentro os quais podem ser destacados construtoras, incorporadoras, financeiras, investidores e o Governo, e este ultimo pela propria estruturação que ele possibilita os demais setores envolvidos pelas ações voltadas especificamento ao setor imobiliario.
Essa forma-conteudo, que se configura nos diversos espaços da cidade, possibilita a realização de um estudo focado na propria produção do espaço, já que a cidade reúne a um só tempo os sistemas de objetos e os sistemas de ações, ela é o maior equipamento social, uma vez que foi produzida para suprir todas as necessidades da sociedade (o viver, o produzir, o habitar, consumir, o aprender).
Como o espaço urbano possui uma evolução historia, ele já foi produção política- intelectual, mercantil, industrial e hoje assume um modelo comercial, graças a toda evolução das técnicas, assim como das normas. A atual configuração da cidade caracteriza o ambiente urbano em todas suas esferas (política, econômica, social).
Essa produção comercial do espaço pode ser melhor discutida se a analise do fenômeno for avaliada pela questão habitacional urbana, uma vez que esta é uma das principais produções sociais - do espaço como dimensão.
Nesse processo de produção os agentes hegemônicos ganham força enquanto que órgãos públicos buscam algumas soluções como a concessão de créditos, terrenos e, até mesmo, residências. o que muitas vezes não representa ações efetivas que busquem resolver o problema como um todo, apenas a ponta no "iceberg".
O lugar do morar é apenas um dos produtos do urbanos, a segurança, o trabalho, a sanitariedade, entre tantas outras necessidades, também formam o conjunto de relações que contituem a cidade e caracterizam sua funcionalidade em maior ou menor escala.